terça-feira, 19 de junho de 2012

Saia, Luiza!


Ontem prometi pra mim mesmo que não escreveria aqui sobre o tão comentado encontro entre o ex-presidente Lula e o eterno deputado Paulo Maluf.

Não gosto de misturar emoção com opinião. Acho que a opinião tem que ser dada apenas com a razão.

Eu gosto muito de política. Sempre gostei. Acho que gosto mais até do que futebol.

E pelo fato de trabalhar com o segundo há tempos, aprendi a ser imparcial, a me distanciar do fato.

Na política, não. Na política penso como torcedor.

Torcedor que fui de Lula, aos 10 anos de idade, em 1989, quando fui às ruas distribuir bandeiras daquele que era tido como um "comunista comedor de criancinhas" por todas as mídias da época.

Lembro que fui massacrado pelos colegas de escola, todos apoiadores de Fernando Collor, o candidato da Globo e dos bacanas do país.

Hoje alguém admitir que naquela época votou no Collor é mais ou menos como um alemão mais idoso admitir que apoiou o nazismo. Mas que votou, votou.

Sempre fui um pouco rebelde, e gostava do que ninguém (pelo menos no meu círculo social) gostava. Sempre tive opinião.

Fui discriminado também quando apoiei Mario Covas à prefeitura, quando pedi um autógrafo para Luiza Erundina e em seguida defendi Ulisses Guimarães.

Em 2002, me emocionei com a chegada de Lula à presidência da República. Em 2006, já decepcionado, votei em Cristovam Buarque. Em 2010, votei nulo.

Não preciso nem citar as disputas municipais e estaduais, para exemplificar meu descontentamento e minha tristeza com quem eu antes acreditava tanto.

Mas sei também que política não é apenas política partidária. Política é tudo. 

Estou fazendo política escrevendo aqui. Faço política no twitter, no rádio, na rua.

Mesmo que apenas uma pessoa tenha a paciência de ler este texto, já consegui passar um pouco do que penso para alguém. Política.

Claro que há a necessidade de se fazer alianças para governar. 

A meu ver, Luiza Erundina nunca vai poder exercer outro cargo executivo, justamente porque não tem estômago para fazer alianças.

Ela não conseguiu governar a cidade de São Paulo por isso.

O PT aprendeu no seu governo que é preciso compor para ter poder, e principalmente para exercer o poder. O PT aprendeu e Luiza saiu.

Justamente por isso Luiza deixou o partido. E agora o PSB faz com que Luiza se una novamente ao PT.

Ela engoliu a seco e aceitou um pedido especial de Lula, a quem ainda tem admiração apesar de tudo.

Mas o PT foi longe demais. Até para quem já estava decepcionado com tudo, uma aliança com Maluf, um aperto de mão público com o inimigo eterno é uma cena que dá muito desgosto.

E Luiza está em uma encruzilhada. 

Ou aceita ser vice do fantoche unido ao inimigo para surrupiar um pouco mais a cidade, ou deixa a política.

A meu ver, Luiza, deixe. Deixe pela porta da frente. 

Tenha coragem, como sempre teve.

Venha fazer política deste lado aqui. 

Junto a Herbert de Souza, o Betinho, a Zilda Arns, Chico Mendes, e tantos outros bons como você. 

Saia dessa, Luiza, não se misture mais.


Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Bom. Uma pequena aula de politica...

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