segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Fim da Corrupção


Só para lembrar, em época de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão:

Estas campanhas, riquíssimas, muito bem produzidas, para vender o candidato como um produto bonito, cheiroso, competente e necessário, são custeadas por empresas privadas e por dinheiro público.

O dinheiro público vem do fundo partidário. É o seu, o meu, o nosso dinheiro, que é transferido para os partidos políticos, para custear as "despesas da democracia".

E não há lei que impede os partidos de utilizarem esta verba pública nas campanhas.

Mas há também o dinheiro privado, o grande vilão, para mim, de grande parte de nossos males.

Por que, você me pergunta. Vamos fazer um exercício, criando a empresa fictícia "Construtora Bello".

Uma campanha, como já disse, custa caro, muito caro! Há empresas de publicidade, agências, produtoras, gráficas, inúmeros profissionais. Isso, no âmbito municipal, imaginem em uma campanha nacional, como para Presidente.

O partido sai às ruas com suas canecas, pedindo dinheiro, e a Construtora Bello doa 1 milhão de reais para cada um dos dois partidos que tem mais chances de vencer as eleições para prefeito.

O partido A ganha 1 milhão, o partido B ganha outro milhão. A Bello gasta 2 milhões.

O que a empresa quer com esta doação? Fazer o bem? Apoiar quem mais vai ajudar os pobres e oprimidos?

Claro que não, você deve saber, uma empresa quer lucrar. Sempre.

Pois bem, o candidato da empresa A vence a eleição. De uma forma ou de outra, ele vai ter que devolver o dinheiro para a Bello.

E não só o 1 milhão, e sim mais do que os 2 milhões que a empresa gastou ao todo!

Como devolver este dinheiro? Com corrupção. Com licitações fraudulentas, com superfaturamento de obras, com caixa 2.

E eu usei o exemplo de uma empresa!! Imaginem agora a quantas empresas o candidato deve favores ao final de uma eleição!!

Agora imaginem estes candidatos que todos nós estamos vendo em placas de publicidade, nos cruzamentos, nos homens-faixas pela cidade.

Isso custa. Isso também não sai do bolso do candidato. É mais um favor que nossos vereadores tem que pagar depois da eleição. Com corrupção, claro.



E isto infelizmente não vai mudar, e pelo contrário, tende a piorar com as campanhas cada vez mais caras para vender a imagem do candidato.

Isso sem falar que a campanha televisiva, radiofônica, e até aquela pequena faixa do candidato sorrindo na rua, não contribuem em nada para uma escolha correta do eleitor.

Na minha opinião, o que tem que mudar então? Simples:

- Financiamento público de campanhas. Sem doações privadas. Acaba esta festa do dinheiro privado indo para o setor público, e depois voltando ilicitamente e de forma aumentada para o setor privado.

- Campanhas na mídia com orçamento limitadíssimo. E com tempos iguais.

- Proibição de jingles, personagens, imagens externas, ou seja, qualquer coisa que emburreça o eleitor e saia da ideia de vender ideias dos candidatos.

- A ideia seria exatamente essa: vender ideias, planos, metas, e não a imagem do candidato sorrindo.

- Fim do voto obrigatório. Vota quem quiser mudar o status quo, ou quem quiser conservar o que está bom.

Pronto, não é o fim da corrupção, mas é a origem do fim. Vota quem quer, e vota na proposta, e não no produto. E quem ganhar não deve nada a ninguém, a não ser à população que o elegeu, até porque foi quem financiou sua campanha.

É tão difícil assim consertar as coisas?


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