Que tortura é essa, de fazer com que o torturado esqueça ou finja esquecer a própria tortura. Quer tortura maior do que ter que renegar o passado, o presente, o futuro? Renegar as vocações, os ideais, as convicções? Abraçar a causa do antigo inimigo, quase alienado, alienante, tentando provar que nunca foi o que foi, o que é? O que fizeram com Geraldo Vandré?
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Estas palavras me vieram à cabeça quando terminei de assistir pela enésima vez a entrevista de Geraldo Vandré à GloboNews. Entrevista esta concedida em 2010. Devo ter visto este VT umas 20 ou 30 vezes pelo menos. Gostaria de ter o prazer de entrevistá-lo também, porque a cada resposta eu fico com alguma pergunta na cabeça que infelizmente não é feita pelo repórter, que, claro, tem que seguir uma pauta da empresa.
Parece que a cada resposta que ouço do Vandré atual, mais questões e enigmas surgem na cabeça. Mais interessado eu fico no Vandré antigo, ou, pra mim, o verdadeiro.
Tento, procuro por mensagens subliminares, por indiretas, por frases soltas e olhares de escape. Procuro mensagens corporais, procuro algo que talvez não exista, mas pra mim existe. Uma história não contada.
Pra quem não viu, to falando dessa entrevista, a única em 30 anos, de Geraldo Vandré:
Na entrevista, ele cita um poema, lindo, de Gonçalves Dias. O poema diz coisas que talvez Vandré não possa, ou não queira falar:
Canção do Tamoio
I
Não
chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
Dimigos transidos
Por vil comoção;
E tremam douvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
Dimigos transidos
Por vil comoção;
E tremam douvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
3 comentários:
Grande Bello !
Talvez seja decepção de terem rotulado que não queria ser rotulado.
E tambem dececpção com o rumo que as coisas tomaram , tr liberdade de expressão significou infelizmente perder qualidade de expressão !
Que ele traduz como a massificação.
O Militarismo não era e não é um erro e sim o sistema ditatorial !
Hoje alguns dos que se proclamaram martires estão tropeçando por ai em escandalos de corrupção .
Mas uma coisa é bem clara no video , perdeu se uma grande oportunidade de se fazer uma excelente entrevista , né ? Espero que voce tenha a oportunidade de faze la com sua habitual competencia .
saudações
Acho que a decepção vem de do rotulo de quem não queria ser rotulado !
O sistema era errado e não o militarismo.
Os que se diziam martires não estão envolvidos nos escandalos de corrupção hoje ?
Fato é que se perdeu uma excelente oportunidade para uma grande entrevista . Espero que o amigo possa ter oportunidade de fazer algo bem melhor !
acho que foi vergonha de que não queria ser rotulado!
Espero que tenha oportunidade de fazer uma entrevista melhor !
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